Gostaria hoje de falar sobre algo, muito comum, que escuto ao longo da minha carreira profissional: O que falar para o psicólogo?
Bom, eis a questão! Antes de qualquer coisa, para quem nunca procurou um psicólogo vou dar as devidas orientações.
A primeira coisa que faz é uma entrevista, a chamada Anamnese. Ela é uma entrevista médica utilizada por psicólogos e médicos e tem por objetivo gerar uma avaliação e diagnóstico do indivíduo. É a base, à partir da qual pode se estabelecer um tratamento ou iniciar uma psicoterapia de apoio ou outra qualquer. Pretende-se que se consiga obter o máximo de informação possível sobre a história e o passado do sujeito. É preciso levar em conta não só o que é dito, mas também como não é dito, neste caso, a observação da linguagem corporal do indivíduo. São indispensáveis os aspetos da realidade, mas também das representações e do imaginário, da vida interna e da vida externa do sujeito. É um segmento de perguntas que vai facilitar a pessoa dizer o que está sentindo. Perguntas inclusive que podem investigar o estado geral do paciente, através desses primeiros dados e a demanda principal (o problema). Os próximos encontros ficarão livres, mas sempre focando no discurso anterior do paciente, até para entender o que é real dentro do contexto ou uma mera queixa. Olha, sinceramente, eu já tratei de pessoas sem ter que invadir a sua intimidade, porque o constrangimento bloqueia um possível diálogo. É preciso empatia para estabelecer um clima afetivo e organizar uma relação dando lugar à aliança terapêutica. Empatia, que não é o mesmo que simpatia, é um artifício útil para atrair a confiança do paciente. Uma empatia não se faz apenas com palavras, mas também com atitudes, gestos e expressões faciais. Trata-se de uma situação consciente, em que se entende a situação do entrevistado.Tem pessoas que tem dificuldade em contar coisas, tem vergonha, mesmo sabendo que está diante de um profissional, pacientemente temos que esperar o momento de cada um. Vocês sabiam que sempre tem o fatídico dia em que a pessoa diz: Tenho que te contar um segredo, ou vai falando e de repente se pega contando algo que poucos sabem ou que ninguém sabe. Enfim, com o tempo o grau de confiança aumenta e a pessoa vai relaxando, se esvaziando e elaborando as suas questões. Uma coisa eu digo, procuro dar o máximo de explicação possível à respeito do quadro psicológico, e ainda investigar o uso de medicamento, tratamentos psicológicos anteriores ou na infância, se for um adulto. Se tem familiares com problemas psiquiátricos, algum tipo de doença séria, medicamento controlado, como foi o nascimento, gestação e tantas outras informações importantes. Além de tudo isso, muitas vezes, a pessoa precisa ¨quebrar¨a barreira do preconceito, de achar que só procura psicólogo quem está ¨maluco¨. Eu acrescento, tratamento psicológico também é uma forma de prevenção de que coisas piores possam vir a acontecer. Assim como qualquer outro profissional, nós viemos para tratar da psique, da mente. Convenhamos que uma mente saudável facilita muito a nossa vida em todos os sentidos. Um abraço.