Gostaria hoje de poder falar algo com muita propriedade. Na gangorra dessa vida, sou capaz de afirmar que o processo compulsivo que envolve algumas pessoas beira a loucura. Uma caça incansável de engolir a sua presa. Sede de vingança, sede de justiça, sede de destruição. Lamentavelmente, nada disso devolve o amor, o sentimento, muito menos as verdades ocultas. Uma tentativa frustrada de receber o que na verdade nunca recebeu. Como é difícil reconhecer uma escolha errada, ou melhor, uma desistência equivocada. Exatamente, é assim que muitos vivem, com as feridas abertas, tentando a todo custo roubar a felicidade do outro. O tempo passa e nada acontece, ou acontece de forma catastrófica. O vazio que se arrasta e a sensação de que ainda não foi dessa vez, quem sabe da próxima. As mesmas estratégias nunca deram novos resultados. Porém mudar requer habilidade, destreza e inteligência. A verdadeira conquista é saber renunciar. Renunciar a convicção de estar certo. Renunciar o próprio eu e dar lugar ao nós. Ter sabedoria e entendimento de que a história não acabou, ainda falta muitos capítulos. O fim, ninguém sabe. O começo teve data e hora marcada, mas no meio do caminho tudo parecia errado e a estrada mudou de rumo, mudou de rota, mudou de coração. O compulsivo não vive o hoje, vive do passado que não permite olhar para frente. São tombos que fazem cair e levantar, mas nunca caminhar.