quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Ventania


Algumas vezes antes de chover, venta. Pode ser um vento suave acompanhado de uns chuviscos. Mas muitas vezes são trovões, relâmpagos e chuva muito forte, capazes de alagar as ruas, derrubar árvores, entupir bueiros, destelhar casas e destruir outdoor. Esses são alguns dos exemplos conhecidos menos catastróficos. Agora vamos imaginar a ventania quando vem na nossa vida. A sensação que temos é que somos navegantes de um barquinho que irá afundar a qualquer momento. É como se estivéssemos caminhando pela rua nos protegendo da chuva com uma sombrinha e de repente o vento a vira do avesso, quebra as hastes e você fica no meio do temporal. O vento quase te arrasta de medo e de verdade. Eu já passei por isso e foi horrível. Vamos combinar que chuva sozinha não assusta ninguém, assim é nossa vida. Nós já sabemos que situações contrárias podem acontecer, mas quando vem acompanhada de novos ¨acessórios¨ temos a impressão que o fardo está muito pesado. Queremos que passe logo, pois não temos estratégias suficientes para suportar o dito problema. Fazemos vários cálculos matemáticos e o resultado é sempre o mesmo, não tem solução. Nos falta estrutura para passar pela dor e sobreviver. Melhor dizendo, não vemos alternativa. Curiosamente esse texto me fez lembrar de  quando eu tinha 10 anos de idade, não sou precisa em dizer, choveu granizo. Eram pedras de gelo redondas, parecidas com aquelas que se formam nas formas do freezer. Na velocidade que vinha podia machucar uma pessoa. A questão é que entrava água da chuva pela porta e o granizo batia com força na janela de vidro. Tensão em alto grau, depois parou. O que pretendo dizer com tudo isso. Que você possa refletir como podemos vivenciar ao longo de nossa vida um vendaval,  ou chuva de granizo que é  algo incomum, ou pelo menos raro de acontecer. Podemos viver vários dias de ventania sem que arranque de nós o sentido da direção.  ¨Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento¨. Érico Veríssimo. Confúcio disse: ¨ Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer¨. Não podemos eliminar as adversidades, mas devemos aceitar que algo de ruim o vento possa ter levado.  Como ensina Cora Coralina, talvez essa seja a lição para esse texto: ¨ Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas... daqui para frente levo apenas o que couber no bolso e no coração. ¨ Não dominamos o vento e nem o pegamos, mas podemos sentir como suavidade de uma brisa ou de um vendaval devastador, porque afinal quem nos toca é ele. Pense nisso!